Os gregos, que encontravam explicação para tudo por meio das forças emanadas pelo monte Olimpo, não se contentavam em ter um deus do tempo, tinham logo dois: Chronos e Kairós. Um só deus grego não seria suficiente para explicar a relação do homem com o tempo, tamanha a tensão que existe entre ambos.
A única proeza em que o homem teve sucesso, a respeito do tempo, foi conseguir medi‑lo. Para isso, analisou ciclos, como os movimentos da lua e do sol, observou seu efeito sobre a natureza e então padronizou os tempos, do ano, das estações e dos dias, posteriormente divididos em frações, chamadas, horas, minutos, segundos. Em sua arrogância, o humano acreditou que, ao medir o tempo, o controlaria. Doce ilusão. As medidas só serviram para aumentar a sensação da passagem veloz do tempo, que escorre pelas mãos, como a água que, formada por moléculas, sempre encontra um caminho para seguir seu destino, que é a gravidade. O tempo é assim, líquido, escorre pelas mãos, atraído pela gravidade do destino.
Mas nem tudo está perdido, pois nós, humanos, podemos ser apenas pobres mortais, mas temos uma ferramenta que nos permite controlar, se não o tempo, nossa própria existência. Ela se chama consciência. E nos permite conviver com o tempo a partir de três visões: da física, da metafísica e da ética. Do ponto de vista físico, o tempo pode ser medido; no âmbito da metafísica, o tempo pode ser sentido; e, de acordo com a ética, o tempo deve ser vivido.
Fonte: livro “Preciso dizer o que sinto”, de Eugenio Mussak – Integrare Editora
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