Talvez você conheça a história de um mestre zen que encontra um discípulo cheio de si: repleto de ideias, de conceitos e de crenças; inflexível e relutante em abandonar seus pontos de vista. O mestre, então, o convida a sentar e lhe prepara um chá. No estilo zen, o mestre serve o chá primeiro em sua própria xícara. A seguir, passa a servir o discípulo. Dessa vez, porém, vai além do limite: continua despejando o chá na xícara, até o líquido começar a transbordar. Em pânico, o discípulo exclama: “Mestre, o que você está fazendo?”. Calmamente, o mestre responde: “A xícara é como a sua mente. Você jamais será capaz de aprender coisa alguma a menos que a esvazie”.
Eis a sabedoria antiga. A seguir, uma interpretação atual dessa história.
Os órgãos relacionados aos sentidos – pele, olhos, ouvidos, língua e nariz – são instrumentos que usamos para percorrer nossa jornada ao longo da vida. Eles funcionam como receptores que nos fornecem informações sobre o mundo externo. Se deixássemos tudo a cargo desses órgãos, seríamos sobrecarregados de estímulos. Criamos, porém, uma maneira inteligente de impedir que sejamos sufocados pela avalanche de sensações. Buscamos aquilo que é interessante e a seguir generalizamos, apagamos e distorcemos as informações que recebemos. Simplificando: à semelhança de uma droga sintética, alteramos nossas experiências do modo que julgamos mais adequado.
O problema é que nosso sistema de filtragem é influenciado pelos pensamentos. E, muito mais frequentemente do que imaginamos, eles são irracionais. Assim, tendemos a fazer generalizações sobre as pessoas e sobre suas características, alimentando as piores expectativas a respeito delas, apagando informações importantes a que deveríamos prestar atenção ou deturpando o sentido das palavras delas e reagindo de modo inapropriado.
Mas a situação não para por aí. Fica ainda pior. Temos o mau hábito de buscar informações que endossem nossa forma de pensar. Assim, além de os pensamentos moldarem a realidade à nossa volta, eles também a confirmam – não importa o grau de distorção que tal realidade possa sofrer. Afora isso, é preciso admitir: estar com a razão produz uma sensação boa. Em consequência, normalmente evitamos as pessoas e as situações que não estão em sintonia com nossos pensamentos.
Você já deve ter ouvido várias vezes a expressão: “Ver para crer”. Porém, seria mais exato dizer: “Crer para ver”. Pois sua percepção de mundo está sempre baseada nos pensamentos habituais – suas crenças. São elas que criam o mapa através do qual você determina o rumo de sua vida. Se tiver pensamentos saudáveis e racionais, eles o conduzirão aonde você deseja. Se tiver pensamentos pouco saudáveis e inflexíveis, pode contar com uma colisão certeira.
Esse é o problema.

Fonte: livro “Pura Sabedoria – Coisas simples que transformam o dia a dia” de Dean Cunningham. Integrare Editora
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